quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A sabedoria do lenhador

Agora pela manhã acordei e estava começando a me angustiar sobre esse tempo em que o Mestre dos Tempos me colocou parada, pois eu disse a Ele: - Se eu estiver errada, pare-me. E Ele me mostrou que não sou eu por minha força... Mas, Ele em mim, me faz forte e através Dele posso fazer todas as coisas. Então me lamentei com meu amado esposo: - Isso é como estar sendo penalizada. Será sobremaneira difícil, e ele docilmente me lembrou a parábola do lenhador.
“Certa vez um lenhador saiu a cortar as árvores e encontrou um jovem impulsivo que lhe pediu para ensinar o ofício, então, este o ensinou diligentemente. O jovem já hábil no corte das árvores cheio de orgulho, propôs-lhe um desafio: Lenhador, agora que já domino a sua arte, vamos ver quem corta mais árvores em uma jornada de trabalho? O humilde lenhador aceitou o desafio.  
E no dia seguinte saíram os dois a cortar árvores. E na primeira hora algumas foram cortadas por ambos. O jovem audaz continuava impetuosamente a derrubar uma árvore atrás da outra desenfreadamente. Volta e meia olhava para o lenhador e para seu espanto o via deitado sob uma árvore.
Mas decidido a ganhar o desafio continuava sua empreitada. E as horas iam passando e o jovem por mais que se esforçasse cortava um número menor de árvores por hora, enquanto o lenhador parava volta e meia e descansava.
Ao final do dia, o trabalho do mestre em muito superava o do rapaz em quantidade de árvores. O jovem indignado interpelou: - Mas como? Eu não parei nem por um momento e o vi parado várias vezes a descansar sob a sombra! Como pode? - Eu trabalhei e me esforcei muito mais, não pode ser!!!
O lenhador parou, secou as gotas de suor que lhe restavam sobre a face, sorriu e disse: - Não, caro aprendiz, eu não estava descansando. Estava afiando o machado. Foi por isso que você perdeu".
Autor Desconhecido

Aprendemos que o trabalho dignifica o homem, e que este comerá do suor de suas mãos. As eras passaram e hoje trabalhamos incansavelmente para alimentar a máquina do capitalismo e do consumismo, trabalhamos para alimentar essa cadeia infinita de necessidades que se inventam todos os dias para nosso “deleite”, ledo engano.
Basta afiar o machado e descansar sob a sombra da árvore, no final de tudo, a própria vida terá sido um deleite, do contrário poderá ser uma agonia.
Para meditar:

"Se estiver embotado o machado, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria assegura o sucesso.”   Eclesiastes 10:10
"Se tivesse seis horas para cortar uma árvore, passaria as primeiras quatro a afiar o machado."   Abraham Lincoln

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Travessia



Desde que abrimos nossos olhos ao amanhecer fazemos uma travessia entre o mundo de sonhos e o dos vivos, entre utopia e realidade, entre dúvidas e certezas. Estamos sempre prestes a atravessar. Um caminho, um rio, uma estrada, quase sempre inundados de incertezas que povoam nossos pensamentos. Estamos sempre prestes a escolher, uma roupa, um penteado, uma cor, um par. Vivemos como as ondas a balançar docemente sobre o mar de um lado ao outro. Estamos sempre atravessando essa porta que se chama tempo e de instante em instante... Atravessamos...
Atravessamos os desenhos da infância para o mundo da fantasia... E entramos nas historias encantadas, e até damos gargalhadas... Atravessamos a febre da mocidade onde tudo é fogo e paixão... Onde tudo é intenso por que simplesmente atravessamos sem a consciência que chegaremos à outra margem onde pode haver frio, deserto e escuridão.
Atravessamos...
... E vamos entre quedas e recomeços... Entre tropeços... Entre lágrimas e soluços... Atravessamos essa jornada que parece infinda a cada respirar, e de repente olhamos para trás e nos surpreendemos com tudo quanto atravessamos... O frio, o abandono, a pobreza, os sonhos, as moradas, as paradas, as despedidas, os fins e os meios e tudo que simplesmente atravessamos... flores... relva... espinhos...
Tão certa essa travessia marcada com as migalhas, não do pão, mas do coração que foi ficando na esperança de se marcar a beira da estrada.
 E quando chegamos ao fim... Atravessamos a imagem pelo espelho sem entender a travessia e na certeza de que é chegada a despedida e então nos deparamos com os mesmos olhos... e os cabelos alvos... olhamos as mãos da idade... atravessamos os dias de forca e vitalidade... e nos vem como filme... doce lembrança, a travessia...
E simplesmente viajamos pela lembrança de cada riso, cada sonho, cada brilho de uma estrela... cada onda do mar quebrada... cada pegada deixada... cada sabor e cada cheiro... cada segundo de alegria respirada... já não se lembra a dor... por que chega ao fim a luta... já podemos ver a outra margem... e logo ali adiante no final da travessia, o último fechar de olhos, o último risco de luz, o último som... o último instante...   enfim o lar.

          Paulo de Tarso  (I Cor. 13:12-13)

"Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."